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Tamires Torres da Purificação, 26 anos, professora e pesquisadora em Ensino de Matemática e Educação Financeira, começo hoje pela apresentação para vocês entenderem que ela por ser muito jovem já é inspiração para pequenos jovens. Licenciatura em Matemática pela UFBA, mestrado em Ensino de matemática no PEMAT/ UFRJ e atualmente doutorando em ensino de matemática na UFRJ. Com toda essa base ela é finalista no prêmio XP de educação financeira com uma dissertação de 172 páginas em 2022. Sua pesquisa foi baseada em toda uma cultura econômica que existe nas periferias, principalmente da Bahia sua cidade Natal, no bairro de Amaralina. Ela sabia que aquelas pessoas não estavam comprando ações, mas movimentavam o dinheiro, principalmente dentro dos seus bairros, realizando transações nos comércios locais e dentro dessas práticas as pessoas utilizam das caixinhas, uma poupança sem juros, onde se coloca o valor por um tempo determinado, com uma pessoa de confiança e a partir daí existem as regras de quando pode ser resgatado. A princípio ela queria passar os seus conhecimentos sobre mercado financeiro para as pessoas, mas com o tempo ela entendeu que já existe uma prática local, que não vem de grandes instituições financeiras. Durante a sua pesquisa ela citou, como mulheres as escravizadas, contribuíram para a economia, as quituteiras, estavam na rua vendendo seus doces e uma parte do dinheiro era entregue aos senhores de escravos e uma parte ficava com elas, e a partir daí começaram a comprar suas alforrias, e quando tinham familiares compravam dos seus parentes, e o local para guardar dinheiro era a Caixa. E daí que surgiram as irmandades, local que essas pessoas viviam sua liberdade e se reuniam para fazer festas e reuniões com rituais católicos, para terem respeito na sociedade. Tamires tem total consciência de que o espaço hoje que ela ocupa é masculino e de pessoas brancas, mas fica feliz por estar nesse lugar e por ter outras mulheres negras, assim como o coletivo de mulheres, matemáticas negras, sabe que ainda existe muito o que conquistar e por isso inspira seus alunos a conquistarem seus espaços e que a ideia de mérito é apenas para excluir pessoas pretas e periféricas. Um experimento que ela costuma fazer quando vai realizar palestras em outras escolas, antes de se apresentar, questiona os alunos qual a matéria que ela leciona, e raramente a resposta é matemática, dentro do imaginário e da estrutura da nossa sociedade ainda é difícil imaginar uma mulher preta ocupando espaços científicos. Que venham mais Tamires, que venham mais pretas e pretos ocupando os lugares.

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